Resenha Crítica - A Função Do Dogma Na Investigação Científica
Na presente resenha será abordada a obra A
Função do Dogma Na Investigação Científica, de Thomas Kuhn, físico e
filósofo estadunidense. Obra publicada em 1961, que tem perpetuado, com
certeza, pela sua visão radical, realista e crua sobre a ciência. O texto
supracitado explicita a função e até mesmo a necessidade dos dogmas e
preconceitos existentes nas ciências, suas metodologias e seus resultados.
No início do livro, Kuhn torna clara a visão do senso
comum, de cientistas imparciais, plenamente racionais (não se utilizando das
emoções) e desprovidos de pré conceitos: alguém que busca a verdade sem saber
exatamente o que é a verdade. Após apresentar essa visão ingênua em relação aos
pesquisadores, o escritor desconstrói todas estas ideias, nos deixando lúcidos,
mas sem chão.
O Autor segue demonstrando como o pesquisador é
preconceituoso e parcial, afirmando em outras palavras, que sabendo-se o
objetivo e resultado esperado, através do método busca-se o caminho para
encontrar o que deseja e provar que este resultado é verdadeiro, não buscando
encontrar a verdade de forma surpresa e desconhecida como sugere o senso comum.
Fato habitual em nossas vidas quando queremos demonstrar à alguém a veracidade
de nossa ideia e buscamos encontrar justificativas para valida-la, não procurando encontrar a verdade que não seja a nossa.
A partir do momento em que o supramencionado filósofo
torna clara sua visão sobre os investigadores científicos, transcende à um
âmbito mais geral da ciência. Neste ponto, reflete sobre as mudanças e
questiona a veracidade dos resultados encontrados através do método.
Definido por Kuhn, ciência normal é o período em que
toda (maioria) a sociedade científica concorda com as teorias expostas e,
consequentemente, estas conseguem responder aos problemas desta comunidade:
período que estabelece-se o paradigma; há também na ciência o momento em que o
paradigma perde sua validade e, não podendo mais ser reformulado passa a ser
contestado, estabelecendo então o período de crise na ciência. Durante a crise
na ciência não há um paradigma aceito por todos, e assim, busca-se uma nova
solução para os problemas científicos: dá-se início a revolução científica,
trazendo consigo disputas entre investigadores científicos para encontrar o
novo paradigma.
Após o restabelecimento do novo paradigma, há nova
fase de ciência normal, a seguir, nova crise, e dessa forma segue a ciência.
Sabendo-se que durante a ciência normal
estabelece-se uma verdade, como não contestar essa veracidade, haja vista a
constante atualização e modificação dessas soluções? Isto posto, vê-se a
revolução científica como essencial para o progresso da ciência, que embora
jamais consiga encontrar a verdade absoluta, dogmática, incontestável, se
aproximará, auferindo, no muito, a verossimilhança com a verdade através de
enunciações mais verídicas.
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